05 janeiro, 2009







O artista actor, desde o início do século xx que os artístas das vanguardas históricas tinham renunciado às telas para optarem por diversos instrumentos. Na época da arte informal, embora o quadro subsista, a posição do pintor muda: o artista conta-se na tela e confronta-se com ela com uma força, mental e física, totalmente nova. Até então, o corpo não passara de um mero instrumento, um intermediário que substituía o pincel, mas nunca tinha sido arte. Marcel Duchamp, que antecipou quase tudo o que se fez ao longo do século, exibiu o seu próprio corpo num jogo de disfarces imortalizado pela máquina fotográfica de Man Ray, mas tudo não passou de espécie de divertissement.


Pelo contrário, com a body art, o corpo do artista ocupa o primeiro plano, na medida em que é considerado como sendo o elemento mais capaz de exprimir uma ideia e estabelecer uma relação com o público. Portanto, o artista expõe-se, e o que se vê nas galerias já não são as suas obras, mas ele próprio, como obra de arte viva, móvel. Deixa de haver qualquer distinção entre sujeito e objecto, tudo se funde num único corpo, com atitudes diferentes.