22 março, 2009




Design and Crime
Hal Foster fala no capítulo "Design and Crime" sobre o desenvolvimento do Design comecando com a época do Art-Nouveau até aos dias de hoje. 
Ele menciona o arquitecto Adolf Loos que, na sua manifestação "Ornament and Crime" (1908), se opõe ao estilo criminoso da Arte-Nouveau. A palavra chave do seu ponto de vista é o "running-room" que dá ao objecto um espaço de cultura e de subjectividade: "objective limits are necessary for the "running-room" that allows for the making of a liberal kind of subjectivity and culture" (p.17). 
Foster fala depois da revolução industrial e do nascimento do Bauhaus, em 1920, que tem o sistema "of exchange value to the whole domain of signs, forms, and objects(...)in the name of design" (p18). 
No final refere-se ainda ao design de hoje em dia em comparação com o seu passado e tenta situar o design nas areas de economia, política e cultura. 
O titulo "Design and Crime" tem um sentido paralelo com o de Adolf Loos "Ornament and Crime", o que mostra que Hal Foster critica também o Design da nossa época. Na sua opinião o design tem basicamente uma função económica. É um meio de poder vender um produto com sucesso. Além disso tem uma lógica narcisista em que o objecto não exprime valores culturais nem subjectivos. E está, portanto, fechado e morto: "design abets a near-perfect circuit of production and consumption, without much "running-room" for anything else" (p.18). Este é o desejo de Hal Foster, ou seja, que o design divulgue a cultura através do "running-room" (p.25).
Os aspectos económicos são acentuados; o design orienta-se ao mercado que é caracterizado pela ?especialização flexivel", pela produção de quantidade em poco tempo e pela orientação ao consumidor (p19). 
Foster enumera ainda trés factores que conduzem á inflação do design: O produto transforma-se num objecto personalizado e autónomo, "mini-me". Em segundo, a embalagem do produto tem de atrair a atenção do consumidor. E Terceiro, a indústria dos média, que dão aos produtos uma existência digital, que está sempre a mudar (p.20). Concluindo Hal Foster pensa que se pode falar do "political economy of design" (p.22). 
O capítulo acaba com os pensamentos de Musil sobre o estilo 2000. Ele quer dizer que o nosso mundo é vazio de valores interiores e que existem só significados possíveis. As pessoas já nao têm uma relação com este mundo, "a world of qualities without man has arisen(...)"(p.26) 
Acho que, na maioria, Foster tem razão, mesmo que os seus argumentos sejam muito negativos. O trabalho do designer tem uma função económica se calhar grande de mais porque o sucesso de venda depende muito da imagem do produto. Assim acontece muitas vezes a imagem de um produto ser mais dominante do que o objecto em si. Neste sentido o designer é como um "mentiroso" ou, como Foster diria, um "criminoso". 
Hoje, realmente, já não há um equilibrio entre o mundo visual e o mundo dos objectos. A publicidade por exemplo, que é a parte mais "económica" do design, usa imagens para atrair a atenção do consumidor e para convencé-lo dos valores e da necessidade do produto. Mas as nossas "experiências", das quais Musil fala, são outras. Por exemplo as fotografias nas montras são manipuladas pelo Photoshop, não são do nosso mundo real. Se o mundo visual é completamente manipulado é óbvio que nós não somos integrados nele. Sentimos que os objectos tem uma vida autónoma e anónima. 
Hal Foster fala sempre dos "running-rooms", mas como é que os realizar, fica um segredo.